Chamada
de síndrome da pressa, esta doença ataca pessoas que só sabem agir sob
pressão - real ou imaginária - para resolver tudo o mais rápido possível.
Essas pessoas não devem ser confundidas com as estressadas. Neste caso, o
organismo reage a estímulos ambientais, como as pressões do trabalho ou
uma doença em família. A causa da síndrome da pressa nem sempre
é real. Mas sua vítima acha que nunca terá tempo para realizar tudo o
que precisa. "A síndrome da pressa não é uma doença, mas um
comportamento que pode eventualmente desencadear doenças", alerta
Marilda Lipp, professora de Psicologia da PUC de Campinas, que pesquisa o
assunto há 15 anos. Dos 80 pacientes com esse tipo de comportamento
atendidos no início do ano no laboratório de estresse da universidade,
90 sofriam de hipertensão. Estudo semelhante, realizado dois anos atrás
com outros 60 pacientes, constatou que 90% deles apresentavam algum
problema de pele. Uma terceira pesquisa, de 1996, fez o caminho inverso:
mostrou que a maioria dos doentes pesquisados que sofriam de úlcera e de
distúrbios cardíacos tinha síndrome da pressa.
A solução
pode não ser simples. É preciso mais do que organização para tratar os
casos graves de apressados crônicos, diz o médico Márcio Bernik,
coordenador do Ambulatório de Ansiedade da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo. Segundo o médico, quem tem sensação
constante de pressa não precisa se preocupar. Na maior parte das vezes, não
se trata de um distúrbio emocional, mas da conseqüência natural das
pressões do trabalho e da vida pessoal. Em alguns casos, no entanto, a
manifestação do problema pode ter causas mais profundas.
São
duas as doenças mais comuns que podem fazer a pessoa se sentir com
pressa: ansiedade generalizada ou hiperatividade. No primeiro caso, a
pessoa se angustia porque acha que tem de correr senão tudo vai dar
errado. O outro distúrbio é a incapacidade de manter a atenção fixa em
algum foco por muito tempo. As duas situações são causadas por disfunções
no sistema nervoso central. O tratamento varia de acordo com a causa, mas
envolve mudanças de comportamento. "Pessoas com síndrome da pressa
falam rápido e correm", diz Marilda Lipp. "Foram muitos os
casos em que tive de mandar o paciente descer a escada e subir de novo, só
que devagar. Aprender a fazer coisas com calma é difícil.'' Alguns
apressados estão aprendendo.
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