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Quando seu parceiro tem um Transtorno de Ansiedade

QUANDO SEU PARCEIRO TEM UM TRANSTORNO DE ANSIEDADE
Silvana Prado
Todos os casais enfrentam problemas e desafios: financeiros, intimidade disputa sobre o que é essencial na vida de cada um. No entanto, hoje em dia os casais estão enfrentando novas dificuldades. Uma delas é quando um dos parceiros sofre de um Transtorno de ansiedade, e é quando aparecem desafios totalmente novos para serem resolvidos e enfrentados. A pessoa que não sofre de ansiedade pode não saber como ajudar o companheiro (a) e sentir-se frustrado, com raiva, culpado, triste ou até sem esperança sobre o relacionamento e ficar sem saber que posição assumir em face desta situação.

O que é Transtorno de ansiedade?
Ansiedade é considerada uma doença, que preenche a vida das pessoas com medo, preocupação e uma ansiedade excessiva e sem razão.

Como pode um Transtorno de Ansiedade afetar o relacionamento do casal?
Um Transtorno de Ansiedade pode trazer um grande desgaste ao relacionamento, de acordo com estudos realizados recentemente. Mas o transtorno de ansiedade afeta não só o (a) companheiro (a), mas também filhos, amigos e companheiros de trabalho.
As pessoas com transtorno de ansiedade se sentem menos felizes nos seus relacionamentos, são mais propensas a ter conflitos e problemas (ex. brigar com freqüência, evitar ir a certos lugares particularmente eventos sociais, não conseguir se fazer entender pelo parceiro); têm muito mais dificuldades em conseguir ter intimidade com seu parceiro (a) que não sofre de ansiedade. Mais grave ainda, 75% dos entrevistados no estudo disseram que a ansiedade os impede de participar em atividades normais do dia-a-dia com seus esposos/namorados/companheiros, e que seu relacionamento melhoraria se não sofressem de ansiedade. Ainda que estes estudos fossem direcionados para o transtorno de ansiedade, muitas descobertas apontam para o fato de que estes efeitos se aplicam também para outros transtornos, como depressão.
Quais as dificuldades que uma pessoa com ansiedade pode causar para seu parceiro (a)?
Quem vive com uma pessoa com ansiedade, e mesmo os pais destas pessoas, no geral, têm de assumir muito mais funções do que seria normal entre casais que não apresentam um quadro de ansiedade, como, por exemplo: assumir mais responsabilidade com as tarefas caseiras, cuidar mais dos filhos e outras pequenas ou grandes tarefas. Quase todas as áreas de suas vidas podem ser afetadas, como nos exemplos citados abaixo:
Andamento normal das atividades no lar
O Transtorno de ansiedade pode ser tão grave quanto uma doença física, e algumas vezes, até mais. O parceiro sem ansiedade tem de assumir as obrigações que caberiam ao parceiro com ansiedade, como por exemplo, cuidar de toda parte de limpeza, pagar contas, educação dos filhos, ou seja, toda a família tem de mudar para se adaptar às dificuldades da pessoa com ansiedade. O parceiro não doente pode sentir-se sobrecarregado exausto, e muito estressado por ter de assumir quase todas as obrigações familiares.
Problemas financeiros e de emprego.
Para algumas pessoas com transtorno de ansiedade, os sintomas podem ser tão graves que dificultam para a pessoa arrumar ou manter um emprego, o que pode causar problemas financeiros e sérias dificuldades econômicas. Se a família dividia as despesas com o ganho do casal, quando o parceiro fica doente, o outro se vê obrigado a assumir todas as responsabilidades financeiras, coisa que nunca imaginou.
Vida Social
Pessoas com ansiedade, muitas vezes não gostam de participar de atividades sociais: como ir a festas, jantares, clubes, etc. O outro parceiro acaba privado de atividades de que gosta. Isto os leva a sentirem-se isolados.
Bem estar emocional
Com as dificuldades no andamento da rotina familiar e os problemas financeiros, o parceiro que não sofre ansiedade pode também ser afetado em seu estado emocional, e passa a sentir-se triste, deprimido ou com medo (por si mesmos ou pelo (a) companheiro (a), ou mesmo com raiva, cheio de ressentimentos e amargura em relação ao parceiro doente). Se raivosos e com ressentimentos, podem também desenvolver a culpa por sentirem-se desta forma. No entanto, a maioria destes sentimentos é normal para pessoas nesta situação. Mas você verá na seqüência deste artigo que existe ajuda para aprender lidar com esta situação.
Apesar de tudo que descrevemos acima é preciso ressaltar que existem tratamentos para pessoas com ansiedade, e que elas podem voltar a viver vidas normais e produtivas, o que melhorará a vida do parceiro.
Como ajudar seu parceiro com ansiedade?
Se seu parceiro tem transtorno de ansiedade você pode ajudar de diversas maneiras, buscando ajuda, dando apoio, encorajamento e ajudando a criar um ambiente que promova a saúde.
Algumas sugestões:
Aprenda tudo o que puder sobre ansiedade.
Encoraje a pessoa a buscar tratamento.
Procure oferecer sugestões positivas e não ficar criticando o medo irracional, evitações e os rituais.
Não tente medir o progresso de seu parceiro com base na opinião de outras pessoas, livros, etc. Cada indivíduo é único.
Ajude seu parceiro a estabelecer metas realísticas a serem cumpridas e que possam ser realizadas passo-a-passo.
Não tente adivinhar o que seu parceiro precisa. Pergunte como pode ajudar e escute a resposta com cuidado.
Perceba que se você nunca teve um ataque de pânico ou ansiedade, não sabe na verdade o que o outro está sentindo. Entenda que reconhecer quando ser paciente ou quando ficar exigente requer um bom julgamento.É uma situação delicada, mas você aprenderá com seus erros e acertos.
Lembre-se, recuperação requer esforço por parte do doente e paciência do parceiro e dos familiares. Muitas vezes o processo pode ser lento, mas vale a pena esperar.
É importante lembrar que o parceiro da pessoa com ansiedade é um fator importante na recuperação. Hoje em dia recomenda-se muito a terapia de casais. O terapeuta pode ensinar o parceiro a ser um co-terapeuta, ajudando o pacientes nos objetivos (metas) que forem traçados para serem realizadas em casa. Exemplos: ajudar o parceiro a respirar corretamente na hora do ataque de pânico, ajudar a fazer exposição em um local que tenha medo. Para algumas pessoas com TOC, ajudar a limitar a prática dos rituais.
Terapias indicadas
Terapia comportamental.
Terapia Cognitiva.
Terapia Cognitiva e Comportamental.
Medicamentos.
Técnicas de relaxamento.
Como você pode se ajudar?
É importante, e não egoísta, cuidar de si mesmo se você vive com alguém com ansiedade. Veja abaixo algumas dicas.
Não desista de sua vida própria e seus interesses – é importante tirar tempo para você e não se tornar “drenado” completamente pela ansiedade de seu parceiro. Interessar-se por outras atividades ou hobbies pode propiciar um tempo necessário para se afastar do stress diário e também deixar a pessoa mais feliz, energizada, saudável e melhor preparada para enfrentar os desafios.
Tenha um grupo de apoio – ter familiares, amigos e mesmo um grupo de apoio que você confia – e que pode ajudá-lo em momentos difíceis - tanto emocionais como moral e até financeiramente - é vital para a pessoa que vive com alguém com ansiedade.
Estabeleça limites: - decida seus limites e informe a seu parceiro. Estes limites podem ser emocionais, financeiros ou físicos. Ex. se seu parceiro não está trabalhando nem fazendo nada para melhorar (ex. seguindo um tratamento, participando de um grupo de auto-ajuda) tenha uma conversa seria sobre suas expectativas e como fazer para melhorar a situação. Um terapeuta pode ajudar.
Busque ajuda profissional para você – a recuperação de seu parceiro pode ser estressante, seu bem estar é tão importante quanto o de seu parceiro. Se você está tão afetado pela situação que começa sentir-se ansioso ou deprimido, deve buscar ajuda de um médico que confie ou considerar uma consulta com um profissional de saúde mental. Procure um com experiência nesta área de ansiedade.


Ansiedade generalizada, transtorno do pânico, fobia social, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno de estresse pós-traumático.

Quando a pessoa passa a evitar locais que causem ansiedade.

Pessoas com TOC, podem desenvolver rituais como lavar as mãos sem parar, arrumar coisas de maneira execessivamente cuidadosa, checar se fechou a porta toda hora, etc.

Você pode ler sobre estas terapias no jornal de maio de 2007.

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