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Editorial

Editorial Abril 2011


APOIAR 11 ANOS: UMA EQUIPE QUE AJUDOU  A MUDAR A REALIDADE DE FRANCA E DO BRASIL!

Por: Silvana Prado

Agora todo mundo me chama de 'senhora' – ter mais de 50 anos e ainda ter cabelos grisalhos, não dá outra. Às vezes eu digo: – Olha, eu sou jovem por dentro, tenho uns 15 anos na minha alma, pode me chamar de você. Mas a pessoa esquece, ela olha a aparência e… ops! é uma senhora.

Outro dia cheguei num supermercado e a mocinha que atendia no balcão me disse: – O seu cabelo está lindo! E a gente vai correndo tingir assim que aparece um fio branco! As indústrias de tintas para cabelos agradecem.

Fui a um encontro organizado pelo promotor Dr. Fernando Martins, para discutir sobre os direitos do Deficiente Físico no qual havia no mínimo umas duzentas mulheres e posso dizer que a única com cabelo grisalho era eu. Teve até um especial na TV sobre mulheres e cabelo grisalho. Vou te dizer: é preciso ter coragem, assumir a idade, mas esse era um objetivo meu havia anos, não tingir mais o cabelo. Quem me deu o presente, o novo cabelo, foi a quimioterapia. Perdi o cabelo devido à bendita, quando voltou a crescer escolhi ficar com a cor que Deus me deu.

As pessoas dizem que sou corajosa, ousada. Mas não somos todos dotados dessas qualidades? Temos só de encontrar esta força que já está disponível dentro de nós.

Eu sou corajosa. Se eu tiver de escolher uma qualidade minha eu escolho esta, não só pelo cabelo branco, mas pelo grupo Apoiar.

Estamos fazendo mais um ano: 11 anos de Apoiar! Que coisa linda! Acho que sou corajosa, pois montei o grupo sem dinheiro algum. Estava desempregada, não tinha móveis, peguei os da minha casa e levei. Quem ia à minha casa não tinha cadeira para se sentar. Era uma festa. Bons tempos...

Fechei o Apoiar por causa do câncer e retornamos as atividades há um ano. Na volta, logo no primeiro mês após a reabertura, perdemos o patrocinador. Muita gente pensou: – Ela não vai aguentar, vai fechar. Depois do câncer, sem verba, quem agüenta?

Eu, por outro lado, pensei: –Tenho o dinheiro da construção da sede guardado, vou gastando até acabar, daí então eu fecho.

Este mês, após um ano de reabertura, a Mariza, nossa contadora, me disse: – Pela primeira vez desde que reabrimos não ficamos no vermelho!

Nossa que conquista!

Quando o Apoiar fechou, pensei que nunca mais conseguiria ter uma equipe como a que tive por tantos anos do meu lado. Estava enganada, quase todo mundo voltou. Tive de formar uma nova equipe de psicólogos. Acho que tenho uma intuição boa para escolher os profissionais.

Primeiro veio a Tete (Ana Tereza), em seguida a Mayara e depois o Paulo. Cada um com sua característica, seu diferencial. Para mim é uma alegria imensa estar com eles, aprendendo com eles, e podendo ajudar tantas pessoas como estamos ajudando. Eu não poderia nunca esperar que teria uma equipe tão fabulosa.

O Daniel, desde o início do grupo, vem realizando um trabalho fantástico nas áreas de acupuntura e fisioterapia, dando a oportunidade a pessoas carentes de terem esse tratamento que hoje é tão caro.

Não posso também deixar de ver a qualidade dos voluntários, a maioria comigo desde sua abertura: cada um também com seu brilho e qualidades que os diferenciam e os tornam especiais, um completando o outro.

O mais aplicado sempre foi o José Eurípedes; ele segue tudo direitinho: meditação, caminhada, vigilância mental. Com certeza meu melhor aluno. A Mariza tem aquela característica de pôr pano quente em tudo, ela procura acalmar as situações, além de cuidar do dinheiro do Apoiar, que eu não teria coragem de confiar em outra pessoa como confio nela. A Rosa, sempre disposta a fazer tudo, nunca reclama e adora fazer o Reiki, se doar às pessoas. Ela me chama de mãezinha e a chamo de mãezinha. O senhor Antonio e sua esposa, D. Terezinha, sempre superorganizados, não faltam, e o senhor Antonio tem tudo marcado no caderninho, não dá folga para o pessoal, tem de seguir os Passos. A Iranice também sempre disponível, assumindo reuniões às quais não posso estar presente, quebrando galho para mim aqui e ali. A Joyce se formou e hoje lidera o grupo para pessoas com problemas de obesidade, com sucesso. A Flávia também foi criada no Apoiar; como a Joyce, chegou novinha e hoje assumiu a função de ensinar crianças com problemas de aprendizado. A Suely parecia insegura, mas conseguiu se fortalecer e resolveu também fazer seu papel e iniciou o tratamento com cromoterapia para os participantes do grupo.

As aulas de ioga, assumidas pela Sandra, a Carol e o Tiago, também são fontes de relaxamento e autoconhecimento, e a Sandra e Carol também estão com a gente faz um tempinho. Na parte da massagem, a Andrea assumiu e, meiga, superdedicada, sempre querendo aprender, sempre buscando coisas novas, tem tratado com tanto carinho seus pacientes!

Finalmente o Sérgio, que apesar de afastado das reuniões, marca sua presença todos os meses através do Mente Livre e também pelas atualizações do nosso site.

O Apoiar não existiria sem essa equipe que junto comigo passou um ano de grandes dificuldades e não desistiu; eles insistiram, acreditaram no nosso trabalho.

A eles sou grata por fazer possível com que tantas pessoas recebam tratamento,  sem a presença deles não seria possível. Sou grata a eles, que tornaram possível que o Apoiar fizesse 11 anos.

Tenho certeza que muita coisa nos espera. Nossos sonhos estão mais vivos do que nunca, vamos conseguir construir nossa sede um dia!

Apesar de ter de agradecer a tantos patrocinadores, queria enviar meus agradecimentos a Maria Luiza Rebecca Vieira, sócia da Casa do Suporte e a seu irmão , Renô Vieira FIlho, sócio da Brasforma Ind.e Com. Ltda. Apesar de serem de São Paulo, decidiram nos patrocinar e foi graças a eles que conseguimos sair do vermelho. São atos de generosidade como estes que tornam possível ao Apoiar continuar a existir.

Até posso estar de cabelos brancos, ter mais de cinquenta, mas minha vida é muito plena de amor, não só desta equipe maravilhosa que me acompanha, me apoia e faz com que meus sonhos de levar ajuda e esperança a quem necessita se concretizem.

Termino com um conto que li há muitos anos, não me lembro dos detalhes, mas é a história de uma mãe que fala para a filha para que cuide da maneira como se veste. O autor da história então nos alerta que nos preocupamos em estar bem vestidos, mantendo uma boa aparência, mas não podemos nos esquecer de nosso figurino espiritual. Como andam as emoções que vestem nossa alma? O que adorna nossa mente: pensamentos preciosos como o amor, o perdão, a caridade?

Então é sempre hora de nos perguntarmos: – Como anda meu figurino espiritual?

Finalmente, aos voluntários e profissionais do Apoiar, que Deus os abençoe e que possamos estar juntos mais 11 anos!

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