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Editorial

Editorial Dezembro 2014


É dezembro e tudo deveria ser alegria...

Faremos a última reunião do ano no grupo Apoiar, e penso que tivemos um ano cheio de realizações.

Na reunião final sempre peço às pessoas para fazerem uma lista de suas realizações no ano que passou e uma lista de sonhos a serem realizados, ou metas a serem cumpridas em 2015.

Estudos indicam que quem tem metas escritas e bem definidas tem uma chance muito maior de conseguir conquistá-las do que quem só fica no mundo da idealização.

Escrever faz com que a pessoa esteja sempre olhando para os objetivos que busca alcançar e se lembre de pôr energia no assunto de maneira constante, como se estivesse mantendo as chamas de uma fogueira.

Muitas pessoas, com 30 ou 40 anos, às vezes me dizem que estão velhas demais para realizar seus sonhos ou objetivos. Eu nunca me achei velha para fazer realizar meus sonhos e procuro não desistir deles.

Na verdade foi aos 40 anos, quando me separei, que as grandes realizações de minha vida começaram, com a fundação do Apoiar. Ao longo destes quase 17 anos, fiz muita coisa — muita besteira também —, mas penso que a contagem do que consegui fazer em benefício das pessoas é considerável. E como eu disse no mês passado, ter produzido e sido a entrevistadora do evento Mentes Brilhantes do EFT foi o maior projeto que realizei nesta vida.

Com quase nenhum recurso esse evento foi ao ar e beneficiou milhares de pessoas. E continua beneficiando, pois os DVDs estão à venda e quem assiste a pelo menos uma das entrevistas, pode ver que as possibilidades são infinitas quando se tem uma técnica como o EFT. Mas, como dizem, estou só começando.

Meu livro sobre EFT está quase pronto e espero terminá-lo em dezembro; chegando janeiro, ele estará disponível digitalmente e se possível também impresso, mas um passo de cada vez.

Tivemos muitas histórias comoventes no Apoiar este ano, e eu sempre digo que não podemos perder a compaixão. Ainda me emociono com certas histórias e penso que o ser humano foi criado para ser extraordinário, porque vejo as pessoas vencerem, e é realmente inacreditável. A força que existe em nós só é conhecida quando estamos dentro do furacão do sofrimento e acabamos mostrando que somos mais fortes e invencíveis.

Li em algum lugar que precisamos muito mais força para libertar as coisas do que para segurá-las. Sim, que difícil é deixar um ser amado ir embora, ou fazermos uma escolha digna quando somos atacados, preferindo o silêncio ao confronto. É muito mais difícil deixar as coisas irem embora de nossas vidas. Mas os heróis nascem também desses momentos de amor incondicional, em que o outro é muito mais importante do que nossas necessidades e, por amor, deixamos o outro ir embora, seguir em frente, seja nesta vida, seja para outra vida.

No ano passado um amigo muito querido devolveu a Deus um filho seu. Este ano, na mesma época, uma mulher que frequenta o grupo há alguns meses também passou por essa provação, talvez a maior que um ser humano possa enfrentar. Lembro-me que quando ela começou a ir ao grupo, logo disse que teria de escolher entre ir às reuniões da religião que segue ou ir ao Apoiar, e eu perguntei se ela não estava há muito tempo esperando ser curada somente através da fé, pois é certo que a fé move montanhas, mas nós também temos de fazer nossa parte. Aconselhei que ficasse no grupo e arrumasse outro dia para ir ao seu grupo religioso. Ela concordou e passou a frequentar o grupo religioso outro dia, e guardou as terças-feiras para ir ao Apoiar. Venceu obstáculos enormes, medos diversos que a mantinham prisioneira, impedindo-a de viver a vida de maneira plena.

Dois meses atrás nos encontramos em uma reunião social; ela se sentia livre e feliz, cheia de esperanças e, assim, do nada, um dia chega um telefonema com a trágica notícia da morte do filho.

Penso no que teria sido dela se não tivesse aprendido tudo o aprendeu no Apoiar. Nossa fé é importante, sim, mas temos de procurar recursos para sermos mais felizes, livrando-nos dos medos, das fobias, e para isso é necessário procurar profissionais treinados e não ficar esperando que Deus venha fazer por nós a nossa lição de casa.

Ela apareceu no grupo na semana passada, duas semanas após a perda, e para minha surpresa ela estava inteira, sofrendo, mas em paz. Eu tinha até medo de perguntar como ela estava, porque sei que a dor parece insuportável e infinita, mas ela estava bem. Quando chegou na hora de ela falar, pensei que iria se abster, mas quis dar o testemunho de como Deus, a fé dela e o Apoiar a estavam ajudando a passar pelo momento mais difícil de sua vida.

Só podemos pensar que é uma heroína forjada no fogo do maior sofrimento que existe, mas esta heroína nasceu da dor. Antes ela era uma mulher que lutava para viver, hoje é um anjo que criou asas quando libertou o ser que mais amava.

A dor do meu amigo que perdeu um filho, a dela, a minha e a de milhares de pessoas que passaram por essa experiência pode nos levar para a luz ou para a escuridão.

Coisas ruins acontecem com pessoas muito boas. Ser bom não é proteção contra os males, é obrigação nossa, e quando a dor vem devastadora nos tirando o fôlego, a vontade de viver, a confiança, um milagre acontece e as forças aparecem de onde nem imaginávamos. Sentimo-nos protegidos, amparados e assim são nossos gestos de amor e bondade voltando para nos amparar, e a bondade nos toma nos braços e nos acalenta até que o tempo acalme a dor.

Sim, é dezembro, e tudo deveria ser alegria, mas sabemos que não é para muitas pessoas e no meio da alegria precisamos nos lembrar de quem está sofrendo, pois o intuito do Natal é celebrar o nascimento de um dos maiores Mestres que passaram pelo planeta Terra, que veio nos ensinar as leis do amor, mas ele também enfrentou o sofrimento mesmo tendo feito tudo de maneira correta.

A vida segue em frente, a gente chorando ou sorrindo... O sol todo dia volta a brilhar no céu, é hora de recomeçar. O caleidoscópio da vida começa a girar com seus milhares de vidrinhos dentro dele. Há horas em que tudo parece confuso e sem sentido, mas quando fazemos silêncio e nos afastamos do medo e da ansiedade as pecinhas caem no lugar e tudo fica lindo de novo.

Tem tanta vida a nossa volta, tanta esperança e nós podemos contribuir para uma vida melhor, um mundo melhor. Faça a sua parte.

E se eu puder fazer um pedido, dê uma árvore de presente de Natal para você. Vá ao Horto Florestal, escolha uma, ou talvez duas, e plante, nós dependemos das árvores para viver e as estamos destruindo constantemente. Elas são vida, nos dão sombra, flores e algumas até frutos. Elas trazem a água de volta para o solo, na forma de chuva.

E se fizer isto provavelmente será o maior presente que terá recebido de si mesmo e uma das maiores contribuições para o planeta Terra e todas as pessoas que vivem nele. Feliz Natal e Ano Novo.

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