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Editorial

Editorial Abril 2013


Uma força superior dirigindo nosso destino.

SILVANA PRADO

Outro dia, ouvindo uma entrevista, uma mulher disse que odeia o Walt Disney, porque ela cresceu ouvindo falar em princesas e passou a vida toda esperando pelo príncipe encantado, que obviamente nunca apareceu. Então a culpa é do Walt Disney, porque ela acreditou em algo mágico quando era criança, cresceu e não soube pegar a moral da história.

Minha adorada e linda sobrinha Bruna me emprestou o DVD do filme Enrolados, que conta a estória da Rapunzel, uma das minhas favoritas na minha infância. Lindo filme, divertido, com personagens cheios de personalidade, como o camaleão e o cavalo. Animais sempre fizeram parte do mundo mágico, penso que Disney tentava colocar nas crianças respeito e amor pelos animais.

Num mundo onde vivemos olhando para todo lado e vendo coisas ruins, notícias horrorosas, pessoas tratando outras sem qualquer compaixão, o que seria de nós se não houvesse o sonho de algo melhor, a esperança de que o bem no final vencerá, e que existe uma força superior dirigindo nosso destino.

O que eu entendo quando vejo um filme assim, é que dentro de nós existirá sempre uma princesa, que foi raptada como a Rapunzel, ou que a madrasta colocou para ser empregada na casa como a Cinderela, ou teve de fugir para que a inveja da outra não a destruísse. Princesas que somos e fomos obrigadas a nos esconder, porque as feiticeiras da vida ocultaram de nós a procedência real, ou porque a beleza de nossa alma incomodava tanto que tiveram de nos envenenar com a maçã da inveja e da perseguição, quando nos disseram: “Você não é importante, não é inteligente, nunca vai encontrar alguém que a ame, nunca vai ter sucesso!”. E nós, enfeitiçadas, acreditamos, até que chega o amor, trazido pelo Príncipe para nos despertar.

O príncipe seria representação do amor que deveríamos ter por nós mesmas, ele nos dá o presente de nos acordar para assumirmos nossa verdadeira identidade, nossa realeza, como filhas ou filhos de Deus. O beijo representa a energia do amor sendo entregue a nós às vezes pelo amigo, por um livro, um filme, que nos faz pensar, mas eu sou Divina e decidi que posso ser feliz.

No filme Rapunzel, o herói é um órfão que cresceu nas ruas e se tornou um ladrão, ao conhecer a Rapunzel aos poucos ele se apaixona pela beleza e alegria que ela emite, e quando chega o momento de provar seu caráter dá sua vida para salvar a dela. Ou seja, dentro dele existia o príncipe em semente, esperando que alguém aguasse as qualidades de sua alma para que florescessem. E sim, isto é verdade, mesmo as piores pessoas do mundo têm dentro de si o príncipe em potencial que, um dia, se manifestará.

A malvada madrasta ou as malvadas das estorinhas são sempre levadas pela inveja, por ciúme ou cobiça. Não suportando ver a beleza da outra, quer destruir; não suportando ver a prosperidade dos pais da princesa, a bruxa ameaça lhes tirar o bem mais precioso: a filha, sem perceber que trocariam seu reino pela felicidade da filha. Vivendo em lugares escuros da mente, e rodeadas de seres escuros e malignos como elas, sem esperança de qualquer felicidade no meio de tanta inveja e ódio, é na vingança que encontram distração da miséria interior que assola suas almas.

Mas no final o bem vencerá, e se acreditamos em Deus, e eu acredito, se Ele nos criou como seus filhos, e somos herdeiros Dele, um dia teremos de encontrar esta Divindade dentro de nós, talvez não nesta vida, pode até ser em outra, mas nosso destino é a luz. Outro dia recebi um email de uma conhecida falando o seguinte: “Seja um tipo de mulher que, quando você acordar, o diabo vai dizer: Oh, azar, ela acordou! “

E eu pensei, acho que sou assim, o diabo fica triste quando acordo, porque no meio de toda a confusão que sei que faço com minha vida, eu ajudo as pessoas de maneira constante e persistente. Eu não tenho dinheiro para doar, mas tenho amor. Não posso tirar a dor do outro, mas posso fazer com que minhas palavras sejam um bálsamo que as alivia. Não posso mudar a caminhada, às vezes exaustiva que estão tendo de fazer através dos campos do sofrimento, mas posso ser um copo de água quando não aguentam mais a caminhada.

Penso que acordei a princesa que existe em mim, e infelizmente não foi o príncipe que me acordou com um beijo, foi muito, muito sofrimento; mas estou acordada, estou sabendo quem sou e quem quero ser. Estou acordada para o potencial que existe dentro de mim. O príncipe não está fazendo falta, pois meu grau de felicidade é muito alto e penso que algumas pessoas assumem a missão de servir, e quando existe este compromisso, o amor tem de ser incondicional por todos os seres.

Assim, continuarei a ver os filmes da Disney, me alegrar com os finais felizes, me encantar com a varinha mágica, com o gênio da lâmpada e manter a esperança de que o príncipe e a princesa que existem dentro de você possam ser acordados e que você viva o potencial de amor e felicidade que já está disponível dentro do seu ser. Muita paz.

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