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Transtornos Ansiosos

Dr. Danilo Vaz de Campos Moreira.
Médico psiquiatra e psicoterapeuta
Trabalha na Clínica Corpo e Mente.

 

       Calcula-se que aproximadamente 20% da população geral de adultos sofram ou venham a sofrer de ao menos um transtorno ansioso ao longo de sua vida. Inicia-se, geralmente, entre os 15 e 20 anos de idade e sua cura é sensivelmente melhor quando diagnosticado precocemente e tratados adequadamente. Estudos revelam que apenas 1 em 5 pacientes irá procurar tratamento. Porém, observamos que os transtornos ansiosos são um importante problema de saúde e acarretam altos prejuízos individuais, sociais e econômicos devidos às limitações e incapacitações impostas ao índividuo e seus familiares.
O que é ansiedade? A ansiedade é um sinal de alerta, que adverte sobre perigos iminentes e capacita o indivíduo a tomar medidas para enfrentar ameaças. O medo é a resposta a uma ameaça conhecida, definida; ansiedade é uma resposta a uma ameaça desconhecida, vaga. A ansiedade pode ser percebida como um sentimento de apreensão desagradável, vago, acompanhado de sensações físicas como vazio (ou frio) no estômago (ou na espinha), opressão no peito, palpitações, transpiração, dor de cabeça, falta de ar, dentre várias outras.
A ansiedade prepara o indivíduo para lidar com situações potencialmente danosas, como punições ou privações, ou qualquer ameaça á unidade ou integridade pessoal, tanto física como moral. Desta forma, a ansiedade prepara o organismo para tomar as medidas necessárias para impedir a concretização desses possíveis prejuízos, ou pelo menos diminuir suas conseqüências. Acontece que nossa mente pode “criar” uma série de “fantasmas” (… a idéia de perder o emprego, de que o filho vai morrer num desastre…), que acaba gerando uma ansiedade desnecessária. Como disse Júlio César: “Via de regra, o que não está a vista perturba a mente do homem mais seriamente do que o que ele vê.”
Tecnicamente devemos entender a ansiedade como um fenômeno animal que ora nos beneficia ora nos prejudica, dependendo de sua circunstancialidade ou intensidade, podendo tornar-se patológica, isto é, prejudicial ao nosso funcionamento psíquico (mental) e somático (corporal). Quando a ansiedade torna-se patológica passamos a considerá-la um transtorno, e daí podemos incluí-la num grupo de transtornos ansiosos (Transtorno do pânico, agorafobia, fobia social, fobias específicas, transtorno obsessivo compulsivo). Cada um dos transtornos só poderá ser assim considerando quando satisfazer critérios que foram elaborados para cada um deles, portanto, não basta um sintoma isolado para caracterizar um transtorno. Devemos lembrar que os transtornos ansiosos são mais freqüentes transtornos emocionais na comunidade. Sua importância foi subestimada durante muito tempo.
Como saber se tenho um transtorno de ansiedade? As queixas físicas mais freqüentes são: aceleração do coração, transpiração excessiva, respiração mais rápida, dores musculares, tremores… As queixas psíquicas mais freqüentes são tensão, nervosismo, insegurança…porém apenas um profissional qualificado poderá fazer uma investigação diagnóstica e indicar um tratamento adequado.
Muitos são os medicamentos indicados contra ansiedade, assim como o uso da psicoterapia. Os estudos comprovam que a maioria das pessoas com transtornos de ansiedade reagem melhor com a combinação de medicamentos associados a psicoterapia que pode ser individual ou em grupo.
O grupo de apoio aos portadores de transtornos de ansiedade pode trazer uma série de benefícios: diminui a sensação de isolamento das pessoas envolvidas, oferece informações, ajuda na aprendizagem interpessoal e facilita a “ventilação” das emoções.

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