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Mudanças Saudáveis

Por Dra Kathy Amorim

Há Já dizia o filósofo Heráclito: "não se entra no mesmo rio duas vezes". A sabedoria nos adverte de que todas as coisas mudam. É da natureza da vida, da natureza de todas as coisas, que nada permaneça indefinidamente.

O princípio da "não permanência" pode nos assustar quando focamos apenas os aspectos relacionados às nossas possíveis perdas de coisas que gostamos de ter. Entretanto, ter, ter de possuir mesmo, ah... "temos" muito poucas coisas. Nós desfrutamos apenas, da maioria das coisas pelas quais somos apaixonados. Desfrutar é muito diferente de possuir.

Desfrutamos da beleza do sono dos nossos filhos nos berços, da juventude de nossos sonhos, da infinitude de nossos amores (enquanto duram...), de uma bela paisagem ou de um bom almoço entre amigos. Mas tudo passa. Muito, mais muito pouca coisa mesmo, nós possuímos.

Por tanto, não precisaríamos nos apavorar com a idéia da não permanência porque, de fato, estranho e extraordinário é a permanência.

Por outro lado, este mesmo princípio é muito interessante quando pensamos que também as coisas mais desagradáveis, os nossos grandiosos problemas deste momento, também passarão.

Se nos perguntarmos qual das questões que nos aborrece agora, fariam sentido daqui a 5 anos, pelo menos 90% destes nossos problemas desapareceriam da lista. Com muito pouca coisa deveríamos, verdadeira e profundamente nos preocupar, e - assim - justificar que perdêssemos o tempo de desfrutar de outras tantas coisas maravilhosas que, também, não durarão para sempre.

Ainda investigo a maternidade deste texto " Mude " que, num site de poesia, é creditado a fenomenal Clarice Lispector, mas aproveito aqui alguns dos versos:

Mude,
mas comece devagar,
porque a direção
é mais importante
que a velocidade.

Sente-se em outra cadeira,
no outro lado da mesa. 
Mais tarde, 
mude de mesa.

Quando sair,
procure andar pelo outro lado da rua. 
Depois, 
mude de caminho,
ande por outras ruas,
calmamente,
observando com atenção
os lugares por onde
você passa.

Não faça do hábito um estilo de vida. 
Ame a novidade. 
Durma mais tarde. 
Durma mais cedo. 

Use canetas de outras cores. 
Vá passear em outros lugares. 
Ame muito,
cada vez mais,
de modos diferentes. 

Mude. 
Lembre-se de que a Vida é uma só. 
Se você não encontrar razões para ser livre,
invente-as. 
Seja criativo.

E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,
longa, se possível sem destino.

Experimente coisas novas. 
Troque novamente. 
Mude, de novo. 
Experimente outra vez.

Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já conhecidas,
mas não é isso o que importa. 
O mais importante é a mudança,
o movimento,
o dinamismo,
a energia. 
Só o que está morto não muda!

Repito por pura alegria de viver:
a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não
vale a pena!

Poemas praticamente não podem ser comentados. Como podemos dizer mais ou melhor? Simplesmente podemos dizer algumas coisas sobre como é maravilhoso que alguns artistas geniais digam, de forma tão simples, palavras que acendem luz.

O poema começa com o verbo no imperativo e nos "convida" a mudar, noutras palavras, aceitar o movimento da vida. Logo depois distingue "velocidade" de "direção". A velocidade depende, na maioria das vezes, das circunstâncias: veículo, atrito, obstáculos, tipo de percurso... e, por tanto nós não podemos ser exclusivamente responsabilizados pela velocidade de nossa direção. Às vezes queremos mais velocidade, mas a vida assim não o permite. A direção que damos aos nossos deslocamentos e mudança é que, sim, dependem o mais exclusivamente possível de nossas escolhas, daquilo que priorizamos, dos riscos que assumimos correr.

Embora a velocidade nos encante e seja decantada na nossa sociedade competitiva e dessacralizada, é a direção que determina para onde levamos nossa vida, que sentido ela toma. Como todos chegamos na reta final de nossa presente existência corpórea, a velocidade não é assim tão importante. Muitas vezes decorre até, da direção que demos. Quando nos direcionamos de acordo com nossas potencialidades mais íntimas e para um destino do qual nos orgulhamos e para o qual nossas motivações se renovam... costuma ser maior nossa velocidade.

Mudemos, atentos para a direção da nossa mudança. Persistência num caminho que nosso coração eleja como bom e saudável costuma nos fazer chegar na reta final com aquela certeza de que valeu a pena o trajeto!

Cada vez que entramos num rio, ele é outro rio.

A não permanência é um convite a mudanças na direção da luz (que sempre brilha e aquece!).

Boa viagem pela vida! Bons rios! Boas estradas...

O que me faz lembrar uma linda benção irlandesa:

Que o caminho seja crescente para você,
O vento sopre à suas costas,
Que o sol brilhe cálido sobre sua face,
As chuvas caiam serenas em seus campos,
E, até que eu de novo o veja,
Que Deus lhe guarde na palma da mão.

A respiração consciente, que gera o relaxamento, é uma seqüência que inclui em doses variáveis:

  • tornar a respiração voluntária,

  • determinar um padrão respiratório diafragmático,

  • monitorar a respiração sem interferir nela,

  • determinar voluntariamente o relaxamento dos músculos mantendo uma atitude mental coerente com o estado de relax,

  • permitir novamente a respiração involuntária desde que atingido o relaxamento muscular e o estado mental desejado.

Para tanto basta respirar consciente de que junto com o ar invisível, quase imperceptível, respiramos também muita energia, força, vigor. É essa potente energia que utilizaremos conscientemente para alcançar efeitos físicos e psíquicos.

O objetivo da respiração consciente não é fundamentalmente o movimento do ar, mas sim da energia. Se você fizer, durante alguns minutos, um relaxante e encadeado ciclo de respiração, começará a experimentar uma energia dinâmica fluindo para dentro de seu corpo.

A utilização da respiração consciente para relaxar visa reciclar a energia usada na tensão muscular.

Quando conseguimos relaxar células musculares e regiões do corpo que estão tensas, ou seja, que estão gastando energia para manterem uma contração inútil (porque não estão sendo usadas), evitamos tal desperdício de energia. A energia "economizada" e a produzida pela respiração podem, então, serem usadas em outras atividades escolhidas conscientemente; imaginar, sonhar, criar, dormir, pensar, aprender, concentrar, sentir, resolver, elaborar, etc.

A respiração consciente aumenta a energia produzida pela respiração, poupa a energia antes desperdiçada em tensão improdutiva e a canaliza para objetivos saudáveis.

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